boldo do chile

O potencial das plantas como fonte de novas drogas ainda oferece grande campo para investigação científica, pois das cerca de 250 000 a 500 000 espécies conhecidas, uma pequena porcentagem já foi investigada fitoquimicamente e apenas uma fração destas já foi avaliada quanto ao potencial farmacológico (Rates, 2001). Mesmo entre as plantas com uso medicinal tradicional ainda há um grande percentual que não foi objeto de estudo visando a comprovação da eficácia e da segurança de seu uso (Cordell & Colvard, 2005).
Este artigo pretende apresentar uma pequena revisão sobre os estudos já realizados com duas espécies muito utilizadas na medicina popular, o boldo e a carqueja, procurando enfatizar os efeitos benéficos já comprovados e as limitações de uso recomendadas pelos efeitos tóxicos evidenciados em estudos animais.
Assim, boldo (Peumus boldus) é uma espécie arbórea, pertencente à família Monimiaceae e nativa das regiões central e sul do Chile, onde ocorre abundantemente. Suas folhas são usadas na medicina popular para tratamento de problemas digestivos e hepáticos. Além do uso popular, preparações a base de boldo são descritas em vários textos farmacognósticos oficiais, como Martindale Extra Farmacopéia e as farmacopéias oficiais do Brasil, Chile, Alemanha, Portugal, Romênia, Espanha e Suíça. O boldo é também empregado na medicina homeopática (Speisky & Cassels, 1994; Brandão et al., 2006; Agra et al., 2007).
Baccharis genistelloides, popularmente conhecida como Carqueja, pertence à família Asteraceae e apresenta-se como um subarbusto ereto, ramoso e glabro, com até 80 cm de altura. Originária da América do Sul é cultivada principalmente no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai (Corrêa, 1926-1978). O chá é utilizado popularmente no tratamento de problemas hepáticos, digestivos, malária, úlceras, diabetes, anemia, diarréia, inflamações urinárias, amidalite, verminoses, mal de Hansen (Verdi et al., 2005), hipercolesterolemia, disfunção erétil, infertilidade feminina, reumatismo (Alonso, 1998), além do uso como agente abortivo (Suttisri et al., 1994). A carqueja encontra-se registrada na Farmacopéia Nacional Argentina em sua VI edição (Alonso, 1998).
Composição química
Boldo
As folhas de boldo contêm entre 0,4 e 0,5% de alcalóides pertencentes à classe dos benzoquinolínicos, sendo boldina o principal alcalóide, representando cerca de 12 a 19% do conteúdo total de alcalóides (O'Brien et al., 2006). Um resultado diferente foi obtido por Pietta et al. (1988) que encontraram o alcalóide boldina como minoritário em extratos comerciais de boldo. A maioria dos estudos realizou o doseamento de alcalóides em extrato alcoólico (metanol ou etanol) ou hidro-alcoólico, obtido por maceração das folhas secas (Pietta et al., 1988; Speisky & Cassels, 1994; O'Brien et al., 2006).
As folhas apresentam ainda taninos, óleo essencial, flavonóides e glicolipídios (Mendes et al., 2006). A maioria dos relatos sobre a composição do óleo essencial aponta ascaridol como o principal componente (Vogel et al., 1999); porém Vila et al. (1999) obtiveram um óleo contendo limoneno como o componente majoritário, enquanto ascaridol correspondeu a 1% do total de terpenóides. Os autores atribuem essa alteração à existência de diferentes variedades de P. boldus.
A presença de compostos fenólicos e metais pesados, assim como sua quantificação, no chá de P. boldus foi reportada por Lima et al. (2004) e Schwanz et al. (2008), respectivamente. Os autores relataram que, após 10 min de infusão de um sache de folhas de P. boldus (1 g) em 250 mL de água fervente, o teor de fenólicos totais foi de 65,96 mg de catequina por grama de folhas. Schmeda-Hirschmann et al. (2003) relataram um teor de catequina no chá de boldo de 2,25%, enquanto o de alcalóides totais, em equivalente de boldina, foi de 0,06%, resultando em uma relação média entre catequina e boldina de 37:1.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

lentes de contato aumenta chance de pega virus

emplastro sabia