Leptina esperança para os gordos (Quer Emagrecer? A Dica é a Leptina)


Pesquisa conjunta de cientistas das Universidades de Genebra e do Texas traz resultados surpreendentes no combate à obesidade.

Leptina, um hormônio implicado na regulação do peso do corpo, se mostra capaz de converter as células adiposas em células que queimam a sua própria gordura.
Quem se envergonha de subir sobre uma balança, tinha até hoje poucas formas de atacar a gordura.


A receita mais comum é dieta, esporte ou, em casos extremos, até lipoaspiração. Muitos gordos se tornam reincidentes. Para muitos, essa luta é quase sempre inglória.

Médicos suíços e americanos encontraram possivelmente um outro caminho, que pode ser mais efetivo e elegante: um hormônio que transforma células adiposas em tecido que queima sua própria gordura. Assim, elas se devoram praticamente a si mesmo.

A nova forma de tratamento já mostrou sua eficácia com ratos, como explicam Lélio Orci, da Universidade de Genebra, e seus colegas da Universidade de Dallas na revista especializada “Proceedings of the National Academy of Sciences” (publicação ocorre também na Internet).

Através de uma terapia de tratamento genético, os cientistas conseguiram aumentar nas cobaias a quantidade de proteína leptina e provocar, dessa forma, uma mudança dramática: as células adiposas se modificaram de tal maneira, que elas começaram por si só a queimar a gordura acumulada.

Esperança dos gordos

Leptina é conhecida há mais de dez anos e foi considerada durante muito tempo como a maior esperança para os gordos.

Ela é produzida diretamente pelas células adiposas e regula a queima de gordura e o sentimento da fome no cérebro. Se a leptina está faltando ou se sua transmissão foi interrompida, como foi detectada em muitas pessoas com excesso de peso, a conseqüência é a fome avassaladora e o aumento da produção de gordura.

Até hoje ainda não se conhecia a forma como a leptina reforça o processo de queima de gordura.

A utilização de leptina no tratamento de obesos foi, porém, decepcionante. Em muitos casos seu uso não levou a uma perda considerável no peso do paciente. Muitos deles eram resistentes ao hormônio, que já estava presente em concentração elevada no organismo.

O método revolucionário

Sem resolver ainda esses problemas, os pesquisadores suíços e texanos acabam de fazer uma descoberta que pode provocar uma revolução nos métodos de emagrecimento.

“Até hoje, o único meio de queimar calorias era reduzir a alimentação ou exercício físico”, explica o professor Jacques Philippe, chefe do serviço de endocrinologia, diabetologia e nutrição da Faculdade de Medicina de Genebra. “O tecido adiposo libera então gordura nos vasos sanguíneos para alimentar o corpo com energia”.

“O que os pesquisadores suíços e americanos descobriram é que, ao dar leptina aos animais, o tecido adiposo podia ele mesmo utilizar seu próprio estoque de energia e queimá-la”.

O professor Roger Unger da Universidade do Textas observou que os ratos tratados com leptina perdiam mais de 30% do peso em apenas 14 dias. Ao mesmo tempo, eles continuavam a comer normalmente.

Com base nessas observações, a equipe de Genebra descobriu que o tecido adiposo dos ratos tratados com o novo método passava por modificações profundas na sua estrutura. O volume das células adiposas havia diminuído drasticamente e as reservas de gordura haviam desaparecido em quase sua totalidade.

As células transformadas haviam sido literalmente repletas de mitocôndrias, ou seja, minúsculas usinas intracelulares responsáveis pela produção de energia e da combustão de lipídios.

Técnica ainda não é aplicável ao seres humanos

Apesar dos primeiros resultados positivos, a técnica ainda não pode ser aplicada em pessoas. “Nós ainda não conhecemos nada sobre esse mecanismo nos seres humanos”, ressalta Jacques Philippe.

“Também não sabemos se esse método pode ser aplicado normalmente nos animais, pois os que fizeram parte das experiências receberam uma quantidade muito grande de leptina”.

A resistência à leptina, que pode ocorrer tanto nos animais como nos seres humanos obesos, é atualmente um dos maiores desafios do uso da proteína na área médica. Em alguns casos a natureza provoca uma grande concentração de leptina nos tecidos, que podem ser tão elevadas como nas taxas em cobaias de laboratório, sem que haja uma grande mudança nas células adiposas.

“Podemos também imaginar que outras substâncias, naturais ou sintéticas, tenham a mesma capacidade”, complementa o professor. “É necessário descobri-las e continuar as experiências”.

Por isso o medicamento para curar a obesidade ainda vai levar uma dezena de anos para ser lançado no mercado.

A indústria farmacêutica é um dos setores mais interessados no tema: ela trabalha há anos na pesquisa de hormônios que, em conjunto, atuam sobre a alimentação e queima de energia no corpo.

“A obesidade se transformou numa epidemia no ocidente e até mesmo em países em desenvolvimento. É evidente que indústria farmacêutica irá priorizar as pesquisas nesse setor”.

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