Trabalho energético para emagrecer

Depois deste post da jornalista Daniela Kresch, muita gente vai comprar passagem para ir a Israel.
Agora é oficial: não sou mais uma cética. Passei a vida inteira seguindo cartesianamente as regras de pensamento científico. Acreditava piamente que dois mais dois era igual a quatro, que maçãs caem de árvores por causa da Lei da Gravidade, que o Universo foi criado a partir do Big-Bang e que o Sr. Spock nunca erra.  Não mais.
Tudo mudou na minha vida há um mês. Levada pela curiosidade e por um fio de esperança, fui a um lugar, aqui em Israel, que promete “a cura para o vício de comer glúten e açúcar”. Trata-se de uma clínica com diversas filiais por todo o país, na qual pessoas entram e, meia hora depois, saem sem vontade de comer pães, massas, bolos, sorvetes e tudo mais que contém glutén –  uma proteína que faz parte da maioria dos cereais e das farinhas – e açúcar branco. A rede também oferece tratamento contra cigarros, garantindo que qualquer fumante, mesmo os mais assíduos – saem de lá curados da ânsia por tabaco.
Hahahaha. É para rir, certo? E não tinha dúvidas de que se tratava de um caso agudo de charlatanismo. Mais um desses centros esquisitos, esotéricos, energéticos, paranormais ou algo no estilo, que se aproveitam do desespero dos gordinhos e dos fumantes para vender curas impossíveis. Não faltam “especialistas” que fazem cachê às custas de quem tenta, há anos, se livrar de hábitos pouco saudáveis, pouco estéticos ou pouco cheirosos. Nunca hesitei em descartar esse tipo de coisa.
Mas uma reportagem de TV despertou meu interesse. O Canal 10 da TV israelense enviou quatro de seus repórteres que mais fumavam para clínicas antifumo. Três deles voltaram ao vício rapidamente, depois do tratamento. Só um jurou de pés juntos que não tinha mais a intenção de colocar cigarros na boca. Dias depois, fui almoçar com uma amiga que emagreceu recentemente e percebi que ela evitava pães e massas. Mas o cúmulo foi quando ela recusou solenemente o saboroso e suculento bolo de chocolate quente com sorvete de creme, sem nenhum remorso ou vontade de pular dentro da sobremesa.
 “É impressionante. Não como mais esssas coisas. Não tenho a menor vontade. É como se fosse um pedaço de madeira. Nem salivo”, ela me contou, depois de revelar ter ido à tal clínica.
 “Duvido”, pensei.
Marquei hora e fui, certa de que provaria como o método não funciona com todos. No consultório branco, entrou um rapaz magérrimo e careca, de fala mansa e vagarosa. “Vou fechar no seu cérebro a vontade de comer glúten e açúcar”, disse ele, sem pestanejar. “Ah, e no primeiro mês, você também não vai querer comer amidos, quer dizer, batatas, arroz, essas coisas”. Ele continuou, alertando: “Cuidado para não comer nem um pedacinho desses ingredientes do qual você quer se livrar. Se comer mesmo que seja só uma dentada, o tratamento não vai dar certo”.
Em seguida, o rapaz me fez sentar numa cadeira de madeira e esticar os braços. Colocou duas pedras nas palmas das minhas mãos e pediu para que eu fechasse os olhos e ficasse quieta. Por 10 minutos, percebi que ele dava voltas em torno de mim, gesticulando e respirando fundo. “Ai  meu deus, o santo baixou”, pensei, divertida. Quando acabou, me disse para abrir os olhos. “Pronto, agora é só seguir as instruções”. E me mostrou a porta.
Isso faz um mês. Estou há 30 dias sem comer pães, doces, massas, batata, arroz, chocolates, bolos, biscoitos… Nem um pedacinho, uma garfada, uma lambida. Como isso é possível? Juro que não sei. Nunca fiquei mais de 48 horas sem uma vontade doida de comer um brigadeirozinho, um pãozinho de queijo, uma colherzinha de doce de leite… Ficar sem sushi? Sem macarrão a quatro queijos? Sem pão árabe com humus? Impossível. Mas sim, é possível. Milagre, macumba, trabalho energético, intimidação psicológica, efeito placebo, cristais mágicos ou muito auto-convencimento. Não me importa. O importante é que aquela calça jeans que explodia já faz novamente parte do meu guarda roupa. E, se os espíritos quiserem, continuará assim por muito tempo.
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