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Farmácia caseira
Quando se fala de primeiros socorros, a medicina popular é bastante
simples e prática: se existe ferida, aplica-se calêndula; se não, usa-se
arnica. Uma regra tão clara pode, no entanto, induzir-nos em erro,
levando-nos a pensar que a farmácia caseira se resume a apenas duas
ervinhas, quando, na verdade, se conhecem mais de quatrocentas espécies
de plantas medicinais. Segue-se um pequeno guia das plantas (para cada
uma indica-se o nome comum e a denominação científica, porquanto os
nomes vulgares variam muito de região para região) com lugar assegurado
em qualquer farmácia natural, mas não se pense que são as únicas.
Alecrim (
Rosmarinus officinalis) – As
folhas estimulam a circulação e aliviam a dor. Atua sobre o sistema
nervoso e fortalece a memória. Utiliza-se no tratamento de
insuficiências hepáticas e vesiculares, uma vez que possui propriedades
diuréticas. Alivia a asma, as amigdalites e a obstrução nasal e aumenta o
apetite.
Alfazema (
Lavandula officinalis) – Em
tisana, alivia as dores de cabeça e acalma os nervos. Utiliza-se na asma
brônquica, na tosse, nas enxaquecas, nas gripes e em certos casos de
reumatismo.
Arnica (
Arnica montana) – As suas flores e raízes
usam-se como estimulantes cardíacos, sob estrito controlo médico, dado
que se trata de uma planta tóxica. No uso externo, estimula a reabsorção
dos hematomas e tem propriedades antissépticas e cicatrizantes.
Borragem (
Borago officinalis) – A borragem é
um remédio de ação suave muito apreciado na medicina popular. Para
aproveitar o efeito calmante e emoliente das suas flores, fazem-se
excelentes infusões que tratam a incómoda tosse das bronquites.
Utiliza-se como depurativo, diurético, laxativo e sudorífico.
Calêndula (
Calendula officinalis e
C. arvensis)
– Faz parte de numerosos preparados farmacêuticos e cosméticos e as
suas propriedades bactericidas e cicatrizantes converteram-na na planta
ideal para os cuidados da pele. Usa-se para curar feridas e limpar a
pele com acne ou descamação, nas queimaduras, nas picadas de insetos,
etc.
Camomila (
Matricaria chamomilla) – A
infusão das flores produz uma tisana tónica e sedativa. Usa-se no banho
para aliviar as queimaduras do sol. É habitualmente utilizada para
acalmar espasmos e convulsões, como anti-inflamatório, antisséptico,
etc.
Carqueja (
Chamaespartium tridentatum) – Acalma a tosse e as irritações da faringe, sendo muito utilizada nas gripes, nas bronquites, na pneumonia e nas traqueítes.
Cidreira (
Melissa officinalis) – Em
infusão, alivia o catarro provocado pela bronquite crónica, as
constipações febris e as dores de cabeça. Utiliza-se como calmante e no
tratamento de perturbações gástricas e de dores de cabeça de origem
nervosa.
Dente-de-leão (
Taraxacum officinale) – É
diurético e destaca-se no combate à arteriosclerose, à celulite, à
tensão alta e ao mau colesterol. Usa-se ainda nos problemas de fígado e
vesícula.
Erva-de-São-Roberto (
Geranium robertianum) –
Possui propriedades adstringentes, espasmódicas, diuréticas,
hemostáticas e hipoglicemiantes. Utiliza-se em problemas de estômago,
hemorragias pulmonares ou nasais, diarreias e cálculos renais e
urinários.
Hipericão-bravo (
Hypericum perforatum) – É
antisséptico, cicatrizante, diurético e sedativo. Utiliza-se na
depressão, na insónia, nas infeções ginecológicas e nas inflamações
crónicas do estômago, do fígado, da vesícula e dos rins. Além disso,
ajuda nas dores musculares e nevralgias e no herpes labial.
Hipericão-do-Gerês (
Hypericum androsaemum) – Tem propriedades diuréticas e estimula a libertação da bílis. Utiliza-se nos tratamentos hepáticos.
Lúcia-lima (
Lippia citriodora) – Combate,
sobretudo, as perturbações digestivas e nervosas. Usa-se contra as
indigestões, a flatulência e o mau hálito e como calmante.
Malva (
Malva silvestris) – Apresenta
propriedades anti-inflamatórias e utiliza-se na lavagem de feridas e
como calmante sobre a pele e as mucosas inflamadas. Em infusão, usa-se
em casos de diarreia, úlceras no estômago, catarros e obstrução das vias
respiratórias, e ainda como laxativo.
Orégão (
Origanum vulgare) – Em tisana,
combate a tosse, as dores de cabeça nervosas e a irritabilidade.
Utiliza-se contra a gripe, as constipações, as febres e a indigestão.
Poejo (
Mentha pulegium) – Usa-se como
calmante e contra indigestões, gripes, bronquites e dores menstruais.
Não deve ser tomado durante a gravidez ou em caso de problemas renais.
Rosmaninho (
Lavandula stoechas) – Tem
propriedades sedativas, antissépticas, inseticidas, cicatrizantes,
diuréticas e sudoríferas. Utiliza-se também para aliviar as náuseas e
estimular a circulação.
Salva (
Salvia officinalis) – Depois das
refeições, a infusão de folhas ajuda a fazer a digestão. É antisséptica e
fungicida e contém estrogéneos. Utiliza-se contra a depressão, as
inflamações da boca e da garganta, a diarreia e os afrontamentos da
menopausa.
Tília (
Tilia cordata) – Tem propriedades diuréticas e sedativas. Usa-se contra febres, acidez gástrica e doenças hepáticas e biliares.
Urze (
Calluna vulgaris) – É adstringente,
antisséptica e diurética. Usa-se contra problemas urinários, diversas
afeções renais e hipertrofia da próstata.
Zimbro (
Juniperus communis) – As falsas
bagas desta planta tiveram na Idade Média uma extraordinária
celebridade, pois supunha-se que faziam curas miraculosas. É usado como
depurativo e diurético. Entra na confeção de alguns pratos, serve para
condimentar o presunto fumado e é o principal ingrediente na preparação
do
gin (bebida alcoólica destilada).
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