Ervas curam leucemia e impotência
Chineses garantem que seus chás e pílulas naturais são eficazes e podem substituir até o Viagra, mas sem efeitos colaterais
Os segredos de um remédio tradicional chinês à base de plantas, que
demonstrou eficácia no tratamento de certas formas de leucemia, foram
revelados por uma equipe de pesquisadores franceses, que analisou sua
composição molecular.
Os pesquisadores, cujos trabalhos estão publicados na nova revista
mensal Nature Cell Biology, em seu primeiro número a ser lançado em maio
pelo grupo Nature, demonstraram, de fato, que a indirubina, substância
contida nesse antigo medicamento chinês, bloqueia a multiplicação das
células que permitem a proliferação dos tumores.
As ervas medicinais chinesas utilizadas há séculos são, em geral, uma
mistura de diversas plantas. Geralmente é muito difícil identificar seus
componentes ativos e seu modo de ação.
Para entender como atua um desses tratamentos milenares, o Danggui
Longhui Wan, uma mistura de 11 plantas, a equipe de Laurent Meijer, do
Centro Nacional Francês de Pesquisas Científicas de Roscoff, recorreu à
biologia molecular moderna.
A indirubina, componente vermelho do azul índigo (primeiro corante
utilizado pelo homem), é considerada o ingrediente mais ativo da poção
medicinal. O Danggui Longhui Wan é utilizado para tratar a leucemia
mielóide crônica, a mais avançada forma da doença.
Os pesquisadores franceses, que trabalharam em colaboração com
cientistas britânicos e alemães, descobriram que a indirubina atua com
um tipo de proteínas, as chamadas CDK. Essas enzimas afetam o sistema
que controla a divisão das células. Quando a indirubina se vincula com
essas enzimas, bloqueia a divisão das células.
Essa descoberta deverá abrir o caminho para novas pesquisas sobre o
tratamento do câncer. Os inibidores potentes e seletivos das enzimas CDK
poderão ser aplicados no futuro no tratamento de diversas doenças,
indicam os pesquisadores em um artigo publicado na revista
franco-canadense Médecine-Sciences.
TRADIÇÃO
Os chineses garantem que seus remédios naturais são tão eficazes quanto
aqueles vendidos nas farmácias. Substituem, por exemplo, medicamentos
como o Viagra, garantindo o tratamento da impotência sexual masculina
sem os mesmos efeitos colaterais.
As barracas especializadas em curas tradicionais são muito comuns nos
mercados ao ar livre em Hong Kong e na China. Além de plantas, partes de
animais também costumam ser usadas nas misturas vendidas para tratar
todo tipo de doença.
Os ingredientes para a cura da impotência incluem uma variedade de ervas
processadas e pedaços do corpo de alguns animais: raízes de ginseng,
folhas de canela, rabos de cervo e rins de cachorro.
Os medicamentos chineses para a impotência, que datam de vários séculos,
podem oferecer tanto uma cura a longo prazo quanto uma ajuda imediata,
segundo os vendedores ambulantes.
Esses remédios são prescritos como chá de ervas ou pílulas.
Manipuladores de plantas medicinais, conhecidos aqui no Brasil como
raizeiros, prescrevem uma mistura de ervas, que devem ser cozidas em
água até formar um chá escuro e amargo. Em outros casos, são feitas
pílulas com os mesmos ingredientes.
Yau Cheuk-san, manipulador de ervas e também médico chinês, afirma que
os ingredientes e a quantidade prescritos variam de acordo com o tipo e o
grau da impotência.
‘‘As doses diferem de um homem para outro. Se há disfunção é muito
grave, podem necessitar de 20 a 30 xícaras de chá da infusão por mês’’,
ensina o médico chinês. As doses são reduzidas com a melhoria gradual do
paciente.
Os médicos naturais da China garantem que esses medicamentos possuem
poucos efeitos colaterais, desde que usados corretamente. ‘‘A medicina
chinesa é segura’’, afirma Yau. Assegurou que a maioria dos produtos
usados no chá não apresentam efeitos dolorosos, mas alertam que alguns
ingredientes, como fígado de cachorro, podem provocar reações alérgicas.
Os médicos chineses também explicam que as ervas usadas no tratamento da
impotência podem combater outras doenças. ‘‘Algumas, por exemplo, são
eficazes para problemas nos rins e coração, fortalecem o corpo e baixam
os índices de colesterol’’, afirma Yau.
Planaltina é pioneira no DF
A fitoterapia já faz parte do dia-dia dos brasilienses. Há 13 anos,
Reinaldo Lordeiro, apelidado de doutor Raiz pela comunidade de
Planaltina, onde morava, deu início a um programa de atendimento à
população carente na área de saúde preventiva. Conhecedor de ervas
medicinais, ele chamou a atenção de médicos da rede pública para seu
milagroso misturado.
Com sete ervas — saião, bálsamo, folha-santa, assa-peixe, guaco e
hortelã — ele ensinava às pessoas a fabricar um xarope caseiro, que
ajudava no tratamento de doenças como bronquite, asma e resfriado.
O remédio natural acabou dando impulso à criação de uma unidade de
fitoterapia na cidade, que funciona ao lado do Centro de Saúde número 1.
No local, há também uma horta. Em 1986, eram cultivadas apenas as sete
ervas para o xarope do doutor Raiz.
‘‘Atualmente, existem 190 variedades de plantas medicinais, todas
distribuídas in natura’’, afirma Lúcio Lino Lopes, um dos servidores da
Fundação Hospitalar do Distrito Federal responsáveis pela fitoterapia em
Planaltina.
Além do programa elaborado em Planaltina, foi desenvolvido o Projeto
Sementes, no Departamento de Medicina Não Convencional da Fundação
Hospitalar. O objetivo foi coordenar atividades em vários centros de
saúde.
Assim como em Planaltina, o projeto conta com uma farmácia de
manipulação. Mas a produção e distribuição de cápsulas, xaropes e
tinturas naturais ainda depende da regularização dos laboratórios pela
Câmara Legislativa.
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