pior epidemia de AIDS desde 1981, segundo relatório
São 827 mil pessoas infectadas pelo vírus HIV hoje no Brasil.
Quem pensa em AIDS e logo imagina uma pessoa bem magrinha no fim da
vida, tem uma imagem antiga da doença. Hoje é possível viver normalmente
graças aos avanços da medicina.
Mas, no entanto, a AIDS continua sendo gravíssima. Infelizmente
um relatório do
Ministério da Saúde alerta para o crescimento no número de casos da doença, principalmente entre jovens e mulheres.
Quem fala sobre a epidemia global é o
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV
(e não o Ministério da Saúde, como havíamos informado antes). Segundo a
entidade, os casos de infecção por HIV também voltaram a aumentar no
Brasil, principalmente entre os jovens: subiu 11% na faixa etária de 15 a
24 anos.
A epidemia e o não tratamento do vírus HIV mataram aproximadamente 35
milhões de pessoas com doenças relacionadas à AIDS; cerca de 78 milhões
foram portadoras do vírus, desde o início da manifestação, há 35 anos.
Antes de tudo vale lembrar que HIV é o vírus, AIDS é a doença.
A parcela de pessoas que pode portar o vírus HIV e não desenvolver a
AIDS, por ser geneticamente imune à doença, é de 1% da população,
segundo o
Departamento de IST, AIDS e Hepatites Virais.
As células dessas pessoas não tem o receptor CCR-5 e sem ele, o vírus
não consegue entrar nelas, infectá-las e se replicar. Algumas dessas
pessoas vivem há mais de vinte anos portando o vírus e continuam vivendo
normalmente sem qualquer tipo de medicação.
Mesmo nos portadores que possuem o receptor CCR-5, 99% das pessoas, a
AIDS demora para entrar em ação no organismo, podendo passar de dez
anos entre a transmissão do HIV e o desenvolvimento da doença. Mas ao
menor sinal de baixa imunidade, a doença pode aparecer com força total.
Por isso os medicamentos são tão importantes. Com eles, o vírus HIV
continuaria encubado, evitando o aparecimento da AIDS na maioria dos
casos.
O Ministério da Saúde anunciou, no final de 2016, que existem 827 mil
pessoas infectadas pelo vírus HIV vivendo hoje no Brasil, sendo que
cerca de 13,5% não tem sequer o diagnóstico.
Um ano antes, em 2015, o
Boletim Epidemiológico de HIV e AIDS havia dito que existiam 781 mil portadores do vírus HIV no país, com cerca de 20% de diagnósticos desconhecidos.
Além disso, o
relatório anual do
Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do
HIV/AIDS e das
Hepatites Virais, ligado à
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, mostra ainda que 260 mil pessoas sabem que são portadoras do vírus e não fazem tratamento algum.
Novos Alvos
Entre os jovens, os dados assustam ainda mais.
Em dez anos, de 2005 para 2015, o número de casos entre jovens subiu de 16,2 para 33,1 a cada 100 mil habitantes.
As mulheres também estão sendo mais infectadas. Em 2005 elas representavam
apenas 2,9% dos pacientes diagnosticas e, em 2015, representavam 6,4% (mais que o dobro). Além disso, no grupo de mulheres com mais de 60 anos a taxa de portadora do vírus
aumentou 24,8%, segundo o relatório.
Ivoneide Lucena, psicóloga e gerente operacional do Departamento de DSTs/Aids da Paraíba analisa o caso dos idosos:
“O jovem que nasceu depois dos anos 80 já iniciou a
sua vida sexual sabendo da existência e da necessidade da camisinha. Mas
a pessoa acima dos 60 anos teve sua iniciação sexual e grande parte da
sua vida ativa sem o preservativo. Então, para eles é muito mais difícil
de se acostumar”- disse a profissional à BBC.
Por que esse aumento?
Os jovens estão cada vez mais distantes do debate sobre HIV, que até
poucos anos atrás era uma sentença de morte. Sem o “susto”, apoiados
erroneamente na possibilidade de tratamento fácil, muitos adolescentes
aderem ao sexo sem camisinha.
Além disso, pode faltar uma conversa franca em relação ao sexo sem proteção, tanto em casa quanto na escola.
Scoop Empire
– “Não façam sexo. Porque vocês vão engravidar e morrer”
Segundo
Jô Jô Menezes, coordenadora de projetos da
ONG Gestos:
“As discussões sobre sexualidade têm perdido espaço
nos serviços de saúde e nas escolas. Há quem ache que essa é uma
discussão pra ser feita na família, mas as famílias não estão preparadas
e não querem fazer. A escola é o local onde o jovem se sente mais à
vontade. Precisamos de diálogos francos e abertos” – afirma a profissional ao site Erosdita.
O aumento também pode estar relacionado ainda com
grupos de internautas que passam a doença de propósito, incentivando o não uso do preservativo e até furando a camisinha quando a vítima não aceita transar sem proteção; o famoso
Clube do Carimbo.
Vale lembrar que existem diversos tipos do vírus HIV (que são
mutáveis), ou seja, ainda que você seja portador e tenha relações
sexuais com outro portador, poderá colocar a saúde de vocês em risco se
não usar preservativo.
A AIDS
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, conhecida como AIDS, é
causada pelo vírus HIV e ataca o sistema imunológico. O vírus ataca as
células de defesa do organismo, deixando o paciente muito mais
vulnerável a doenças.
É transmitido através da relação sexual, mas não só. É possível
também ser passado através de transfusões de sangue infectado,
compartilhamento de agulhas e de mãe para filho durante a gestação,
parto ou amamentação, chamada de transmissão vertical.
Hoje em dia, é possível viver bem sendo soropositivo (tendo HIV),
desde que siga as orientações médicas e tome os medicamentos indicados,
mas não é fácil. Os remédios são fortes e causam diversos efeitos
colaterais. Além dos impactos na saúde, existe um enorme preconceito que
atinge os infectados pela doença.
Uma diagnóstico rápido pode ser fundamental para melhor a qualidade
de vida da pessoa. Por isso é indicado fazer o exame para saber se é
portador do vírus toda vez que passar por alguma situação de risco. No
SUS o exame é rápido e gratuito.
Outras epidemias
Deixar de usar camisinha não acarreta
apenas na
possibilidade de transmitir o vírus HIV, existem diversas DSTs (doenças
sexualmente transmissíveis) que podem prejudicar a tua saúde. Em 2015,
a sífilis teve um aumento de 32,7% entre os adultos, chegando a 65.878 casos no Brasil.
Por isso, use camisinha. Sempre.
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